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POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

TUDOR ARGHEZI

( ROMÊNIA )

 

Pseudônimo de: Ion N. Theodorescu

Nascido em Bucareste em 21 de maio de 1880, pode ser considerado o maior poeta romeno contemporâneo.

foi um poeta, romancista e ensaísta romeno cuja criação de uma nova poesia lírica levou ao seu reconhecimento como um dos principais escritores da Romênia. . Ele produziu seus melhores trabalhos nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial .

Arghezi, que saiu de casa aos 11 anos, publicou um poema pela primeira vez aos 14. Em 1899, recebeu ordens sagradas em um mosteiro em Cernica, mas logo as renunciou . Depois de viajar pela Europa, reinstalou-se em Bucareste em 1910. Foi pacifista durante a Primeira Guerra Mundial e foi preso em 1918 por contribuir para um jornal pró-alemão.

A reputação de Arghezi foi estabelecida com sua primeira coleção de poesia , Cuvinte potrivite (1927; “Palavras Adequadas”). Continha poemas sobre a angústia religiosa e a simpatia pelos camponeses, caracterizados por imagens violentas e prosódia inovadora. Em 1930 publicou dois romances detalhando períodos problemáticos de sua vida: Icoane de lemn ("Ícones de Madeira"), sobre suas experiências desiludidas como monge , e Poaria neagră ("Portão Negro"), sobre sua prisão.

Outras obras notáveis de Arghezi publicadas na década de 1930 incluem a sátira distópica Tablete din ƫara de Kuty (1933; Tablets from the Land of Kuty), uma série de ensaios em prosa amarga escritos em 1935-36 e suas celebrações poéticas da natureza e da infância : Cartea cu jucării (1931; Livro de Brinquedos), Cărticică de seară (1935; Livreto para a Noite) e Hore (1939; Danças Redondas). Sua carreira como poeta e polemista floresceu até ser novamente preso durante a Segunda Guerra Mundial . Após a guerra, o seu fracasso em abraçar o Realismo Socialista colocou-o em conflito com o regime comunista. Seus escritos posteriores, que refletem sua tentativa de adaptação aos novos padrões oficiais, careciam do vigor anterior. Eles incluem 1907 (1955) e Cîntare omului (1956; “Hino à Humanidade”). Traduções para o inglês de vários de seus poemas foram publicadas em Selected Poems of Tudor Arghezi (1976).

Morreu: 14 de julho de 1967, Bucareste (87 anos)

Biografia:https://www.rri.ro/it/guida-programmi/enciclopedia-rri-it/il-poeta-tudor-arghezi-1880-1967-id667601.html

 

POESIA SEMPRE.  Minas Gerais.  Número 22. Ano 1.  Janeiro – Março 2006Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional,  2006.   ISSN 0104-0626.                                  Ex. biblioteca de Antonio Miranda

 

TRADUÇÃO DE JULIA CÂRAP

 

Homem!

Uma cobiça encarniçada, louca.
Amealha, homem, amealha.
Labuta, rouba, aniquila e mata.
Precisas de poder e de riqueza.
Precisas de palácios e roupas caras
Para nelas descansar os ossos e a carcaça.

Ávida a tua mão se fecha.
Apertas ouro e surge sangue.
O ouro, com sede, sorve como esponja
esperança, sangue e graça divina
e na tua adega murada enregela
a vida imaculada dos homens
o ímpeto e a alegria, guardados
pelo teu ser abominável, para ti.

Me envergonhas, homem, me envergonhas.


Flores Mofadas
Ao senhor Al. Rossetti.

Gravei-os sobre o gesso com a unha,
no muro de uma cela já vazia
ao centro de uma escura solidão,
com forças não apoiadas
pelo touro, leão ou águia
que trabalharam sempre para Lucas,
Marcos e João.
Eram versos tumbais,
com uma sede de água
e uma fome de cinzas,
estes versos de agora.
Quando minha subida unha se desgastou na
extremidade,
eu a deixei crescer,
mas ela não cresceu,
ou não me dei conta.

Estava escuro. Lá fora a chuva desabava.
Doía-me a mão como se fosse uma garra
incapaz de se fechar. Foi então que me forcei
a escrever com as unhas da mão esquerda.


Confessional

                           [Tradução de Nelson Vainer]

Que noite espessa e tão pesada!
Nas sombras do mundo alguém faz um ruído.
Alguém anda. Quem será?
Que caminha, por lá, sem lua.
sem a luz de uma vela,
esbarrando nas árvores do jardim?
Quem vaga, com passos abafados, em silêncio,
como uma alma perdida?
Quem vem lá? Responda-me!
De onde vens tu? Por onde entraste?
És tu, minha mãe? Eu tenho medo,
decerto, estás cansada
de errar na terra.
Todos os nossos, Mãe, não vivem mais.
Todos partiram, depois que tu partiste.
Todos estão deitados como tu, dentro da noite,
todos morreram, todos.
E “Dulau”, lembras-te? Com suas piruetas,
também se foi. O milharal secou,
abandonando o alpendre, as andorinhas se perderam.
Os cortiços de abelhas estão desertos
E os álamos crestados.
Os muros se arruinaram. As sebes apodreceram.

Chegam a nós
 
As coisas do passado chegam a sós,
a alma das coisas sem sombra ou existência.
Saem das ervas daninhas do tempo,
dos veludos da podridão,
de seu líquen, do álamo vazio,
acompanhadas do vôos das libélulas.
As tristezas antigas
de outra vida da vida,
algumas me reconhecem, outras me esqueceram.

Ela não me disse o nome.
Eu a reconheci do alto
mais uma vez.
Duas duas vezes a vi,
singular.
Uma vez, na rua, sob um guarda-sol.
Não sé mais a esbelta jovem com um cântaro no
ombro,
é algo misturado
às coisas sem sombra.     

 

*
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Página publicada em julho de 2024

 

 


 

 

 
 
 
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